quarta-feira, 22 de maio de 2019

DOR NA VAGINA E REGIÃO PÉLVICA


Elas viveram anos com dor na vagina até descobrirem um problema neurológico

Helena Bertho  da Universa 10/06/2018

Analice Alves tem 54 anos, é advogada e mora no sul do país. Ana Alice Mantovan tem 32 anos, é técnica em enfermagem e mora em São Paulo. Além dos nomes parecidos, elas têm algo mais em comum: passaram anos sofrendo com dores vaginais intensas, sem ter um diagnóstico preciso do que poderia ser.  
As duas fizeram dezenas de exames, passaram por muitos médicos e ouviram deles que "era coisa da cabeça" ou que a dor seria "normal". Tiveram suas vidas sexuais afetadas e chegaram a achar que seria assim para sempre, até que conseguiram encontrar médicos especializados e conseguiram fazer o diagnóstico. Elas tinham uma doença rara chamada neuralgia do pudendo.

A conexão entre o cérebro e a vagina

Todas a sensações do corpo, de dor ou prazer, são transmitidas pelo sistema nervoso. E a região pélvica é cheia de nervos, sendo o pudendo, um dos mais importantes, por fazer a conexão entre a vagina e o cérebro.
"Ele chega à vagina, ao clitóris e períneo", explica o ginecologista Nucélio Lemos, especialista em neurodisfunção pélvica. Ele compara esses nervos à fiação que transmite os estímulos sexuais da região ao cérebro: "É como se a vagina fosse o interruptor, os nervos, o fio, e o cérebro, a lâmpada que acende". Quando esse fio é obstruído ou esmagado, essa conexão pode ser interrompida ou passar a ser defeituosa, transmitido os sinais da maneira errada. Isso é o que acontece na neuralgia.
O nervo passa a transmitir os sinais de maneira errada, causando dor intensa na hora do sexo e de se sentar, ardor para urinar e evacuar e a sensação de um corpo estranho dentro da vagina.
"Relação sexual, nem pensar"

Aos 48 anos de idade, as dores de Analice começaram. Não só na vagina, mas também na coluna e nas pernas. Mas a vulva era o pior. "Uma sensação de ardência muito forte, parecia que tinha um fogo, uma queimação", conta.
Passou por vários ginecologistas e urologistas sem sorte, por quase seis anos. Nesse meio tempo, viu sua vida sexual praticamente desaparecer. "Nem pensar, era muita dor. E ficava com medo pelo meu marido, pensando: 'será que ele vai entender?'. O marido entendia e a apoiava, mas era um dos poucos.
Da maior parte dos médicos, ela ouvia que o problema devia estar em sua cabeça ou que "era normal, devido à idade". Foi só quando foi internada, por causa da dor, que um médico suspeitou da possibilidade de um problema neurológico e a encaminhou para um especialista. Seu caso foi diagnosticado como neuralgia do pudendo. E ela pode começar a buscar ajuda.
"As pessoas acham que você é louca"

Para Ana Alice, foram sete anos de sofrimento. Ela tinha muita dor e muita cólica, que depois de um tempo passaram para a vagina, o lado esquerdo do abdome e irradiou para a perna, levando a dificuldades para andar.
Ela passou por diversos médicos e encontrou uma endometriose que foi tratada, mas nada da dor passar. "Seu psicológico está abalado, as pessoas duvidando de você, acham que você é louca e se afastam. Aí, acaba entrando em depressão", conta.
O seu caso ficou tão intenso, que chegou a usar continuamente uma bomba de morfina para aliviar a dor. E mesmo assim, um dia teve um pico tão forte que foi internada. No hospital, um exame específico identificou a neuralgia. 
Diagnóstico é muito difícil

A demora que as duas tiveram para identificar o problema não é incomum. Segundo Tais Petterson, ginecologista do Hospital das Clínicas, o diagnóstico pode levar de dois a 10 anos. "Não é todo médico que conhece, você faz exame de imagem e não aparece", explica ela.
Nucélio Lemos é especialista no assunto e conta que a dificuldade do diagnóstico vem também do fato de se tratar de um problema que mistura diferentes áreas da medicina: os sintomas levam a paciente ao ginecologista, mas a raiz do problema é neurológica.
Ele está desenvolvendo, em parceria entre a Universidade Federal do Estado de São Paulo e a Universidade de Toronto, no Canadá, uma ressonância específica para identificar esse problema, mas o exame ainda está em fase de testes - Ana Alice foi uma das participantes dos testes. Atualmente, o diagnóstico é feito com avaliação clínica minuciosa.
Endometriose e acidente podem ser as causas

No caso de Ana Alice, o que causou a compressão do nervo foi a endometriose, que se espalhou para fora do útero. Já Analice não sabe até hoje o que atingiu seu nervo. Os especialistas explicam que uma série de fatores pode levar à compressão do nervo pudendo:
§  Cicatriz de cirurgia perto do nervo
§  Endometriose
§  Uma veia que ocupa o espaço do nervo
§  Músculo crescendo sobre o nervo, comum em corredores
§  Tumores
§  Acidentes ou impacto - comum em ciclistas
§   
Fisioterapia, remédios e cirurgia

O tratamento também pode variar. Analice, desde que teve o diagnóstico, vem testando uma série de tratamentos, sendo que o mais eficiente é um com radiofrequência. Já Ana Alice fez uma cirurgia por videolaparoscopia (sem corte) que retirou a endometriose que estava comprimindo o nervo.
A cirurgia é a última alternativa. Primeiro, é tentado um tratamento multidisciplinar. A dor crônica deixa a paciente deprimida e, por isso, precisa de tratamento psicológico. Paralelamente, ela faz fisioterapia na musculatura do assoalho pélvico, para relaxar, alongar e descomprimir o nervo.
Em alguns casos, o Botox é usado para paralisar os músculos do assoalho pélvico ou do glúteo e, dessa maneira, descomprimir o nervo. Se nada der certo, o caso passa aser cirúrgico. A operação é feita sem corte, só com o uso de uma câmera.
Existe ainda uma última alternativa, que é neuromodulação sacral. "Plantamos um dispositivo no sacro, o ossinho de onde sai o nervo, para modular e diminuir a sensibilidade à dor", explica a médica Taís Petterson. Esse modulador afeta apenas a sensação de dor e não diminui a sensação de prazer da mulher.
Observações da blogueira Maria Bernadeth Abreu Marques
Este texto é muito coerente com minha experiência pessoal e todas as pesquisas que venho fazendo. O melhor caminho é o mais natural, com dietas para as intolerâncias e FISIOTERAPIA PÉLVICA ( em meu caso, tenho o Assoalho Pélvico tensionado e preciso de exercícios de relaxamento). Como cada caso é diferente, aconselho que estudem e conheçam o próprio corpo. Eu já consigo administrar a maioria de minhas crises, o que me permite viajar e ter qualidade de vida. Mas tenho sintomas eventuais e vivo em cuidados. Uso almofadas furadas para dirigir ou para trabalhar sentada. O intestino costuma merecer cuidados importantes, pq se prende, as dores pioram. Cuidem-se com alegria. A depressão pode trazer uma FIBROMIALGIA, o que parece ser bem pior. Boa sorte!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

NÃO QUEREMOS SOFRER TANTO!

Interstitial Cystitis       Interstitial Cystitis

QUEM INVENTA DORES PARA CHAMAR ATENÇÃO? 

Participo de três grupos sobre Cistite Intersticial no facebook. Um brasileiro, outro português e mais um, acreditem, italiano. Não encontrei ainda um grupo americano, mas deve existir.
Na última consulta, meu médico disse que o termo mais usado hoje seria SÍNDROME DA BEXIGA DOLOROSA (ou NEUROGÊNICA ?).
Esta síndrome foi reconhecida antes do século XX e, ainda hoje, continua um mistério para a medicina internacional. As pessoas continuam sofrendo e muitas vezes são tratadas como cobaias de seus médicos. As dores são terríveis e o desconforto incapacita a pessoa para uma vida normal.
Depois de muito estudo, posso dizer que tenho duas certezas. O uso, necessário, mas indiscriminado de antibióticos, por conta das muitas cistites de repetição, antes do diagnóstico de CI, levam a um quadro irreversível e, até agora, incurável. O alívio dos sintomas é POSSÍVEL, mas exige muita disciplina e auto-conhecimento; não é para leigos! As pessoas já diagnosticadas devem unir-se em grupos de estudo para, juntas, descobrirem modos de manter uma vida quase-normal. Não desanimem!
Contamos com todas as colaborações possíveis.