sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

TERAPIA MIOFASCIAL

Dr. Adriano Borges Amaral
Fisioterapia e Reabilitação

Terapia Miofascial

A Terapia Miofascial consiste no tratamento passivo, através de terapia manual que tem como objetivo inibir os prejuízos funcionais, os espasmos musculares reflexos e, conseqüentemente, tirando a dor. 


A palavra fáscia no singular não representa uma entidade fisiológica, mas um conjunto membranoso, muito extenso, no qual tudo está ligado, em continuidade, uma unidade funcional. Este conjunto de tecidos que constitui uma peça única trouxe a noção de globalidade, sobre a qual se apóiam todas as técnicas modernas de terapia manual. Seu principal corolário, base de todas essas técnicas é que o menor tencionamento, seja ativo ou passivo, repercute sobre o conjunto. Todas as peças anatômicas podem dessa forma, ser consideradas mecanicamente solidárias entre si, em todos os pontos da fisiologia.
 

As fáscias musculares normalmente são acometidas devido à formação de pontos gatilhos, que são estruturas de maior tensão ao longo do ventre muscular, ocorrem por estresse constante na musculatura.
 
Os pontos gatilhos são nódulos dolorosos no tecido muscular degenerado, a dor referida pode ser evocada por estímulos mecânicos. Pode manter-se assintomáticos até que a movimentação ou a pressão provoque dor intensa ou espasmo muscular. Desenvolve-se geralmente após espasmo ou tensão muscular prolongada ou como seqüela de traumatismos agudos ou por micro traumatismos crônicos tais como os gerados por contração muscular e movimentos inadequados. Parecem constituir entidade clínica específica.
 

Histologicamente, consistem da degeneração ou destruição de fibras musculares.
 

A ocorrência de ciclos viciosos é a justificativa para o seu desenvolvimento. A redução de mitocôndrias muscular é tradução desse estresse metabólico que pode estar relacionado com a hiper atividade muscular nos PG ( pontos-gatilho ou trigger points).


A Terapia Miofascial é um método de cinesioterapia passiva, que através da terapia manual, tem o objetivo da inibir os prejuízos funcionais.
 
A presença de pontos-gatilho ativos caracteriza a síndrome dolorosa miofascial, que é uma afecção álgica do aparelho locomotor que acomete músculos, tendões, fáscias e ligamentos. Caracteriza-se pela ocorrência de dor e pelo aumento de tensão dos músculos afetados. Fadiga e isquemia muscular localizada, devido à contração estática, constante repetição de movimento, posturas inadequadas, estresses emocionais, parecem estar envolvidas com sua gênese. A síndrome dolorosa miofascial também pode estar associada ou ser secundária a outras afecções músculo-esqueléticas, metabólicas como a diabete melitus e hipotireoidismo, inflamatórias e/ou infecciosas. 

Os músculos cervicais, escapulares e do membro superior, como os extensores e flexores de punho e dedos, além dos intrínsecos e lumbricais da mão, freqüentemente são afetados. A síndrome dolorosa miofascial está presente em grande parte dos casos de LER/DORT, dores na coluna vertebral, cintura escapular e pélvica, além dos membros, pois quando há tendinite e/ou neuropatia periférica e/ou artropatias, há contração muscular reflexa, ocasionando o ciclo vicioso dor-espasmo-dor, além da fraqueza e fadiga da musculatura regional e a distância.
 

Freqüentemente, as lesões ligamentares e a inflamação induzem à formação de pontos-gatilho e de dolorimento nos músculos adjacentes, que se tornam a causa imediata da dor. O tratamento direcionado para a dor muscular não visa a etiologia da dor e, portanto, permite a recorrência dos pontos-gatilho e pontos de dor. O tratamento da doença de base como a bursite, e o da irritação (sensibilização) espinal segmentar (raiz nervosa), freqüentemente associada é necessário em associação ao tratamento do ponto-gatilho.
 

Por esta terapia inibir os estímulos de dor, teremos um paciente preparado para receber outras terapias e manobras como: RPG, Cinesioterapia pouco mais agressiva entre outros.
 
A terapia miofascial é aplicada, na grande maioria, em pacientes com dor crônica. Isso ocorre devido ao fato do paciente só dirigir-se ao consultório para tratar a dor, após tentativas medicamentosas e até exercícios terapêuticos que não teve o resultado esperado pois há uma grande estimulação.
 

O tempo de tratamento varia muito de acordo com o tipo de dor do paciente (aguda ou crônica), e de quais mecanismos de compensação foram desencadeados devido um processo inicial de dor. Por exemplo: uma pessoa com lombalgia, que sente muita dor nessa área, vai compensar em outro local, que por sua vez também vai ter estimulação do ponto gatilho desta área causando dor. A terapia vai agir exatamente nestes pontos de dor, inibindo-os.
 

Agora, se por sua vez, um paciente indicar terapia com dor aguda os resultados são obtidos apenas em uma ou duas seções. Isso é explicável, pois uma pessoa com dor aguda não desencadeou mecanismos de compensação, facilitando o tratamento. Num tratamento crônico o período de terapia já varia de meses há anos, mas sempre ótimos resultados são alcançados.
 

Podemos concluir a Terapia Miofascial, como um método que realiza técnicas já conhecidas, tendo a diferença de ser realizada simultaneamente e não deixando de respeitar os limites de expansibilidade dos tecidos.

OUTRA PESQUISA:    TERAPIA MANIPULATIVA - PARA DORES POSTURAIS
Imagine uma espécie de rede formada por uma película branca, semelhante à que encontra numa peça de carne, que envolve, separa, suporta, liga e protege todas as estruturas do seu corpo. 

Assim é fáscia, uma bainha de tecido conjuntivo fibroso que atua como uma peça única, desde o crânio até às plantas dos pés. A fáscia dá forma ao corpo, transmitindo tensões, sustentando músculos e órgãos, interrelacionando-os.

«É o nosso órgão sensorial mais rico, cheio de terminações nervosas, todas elas transmitindo informações precisas ao cérebro», revela Diogo Neves, osteopata habituado a lidar com este tipo de casos.

Os princípios desta terapia

Pressões diárias, posturas incorretas, choques emocionais, stress, traumatismos, cirurgias e respostas inflamatórias do organismo provocam tensão ao nível da fáscia. Estando diretamente ligado a órgãos e vísceras, este tecido vai afetar todos os sistemas, resultando no mau funcionamento das estruturas e provocando dor. 
Segundo esta terapia, criada pela bioquímica Ida Rolf, nos anos 20, qualquer tensão aplicada numa área do corpo reflete-se na totalidade da rede fascial. Partindo destes princípios, a terapia miofascial implica a leitura do padrão postural do indivíduo e de eventuais movimentos padrão – dobrar, inclinar para ambos os lados e até respirar – com o objetivo de reajustar os tecidos.

O que acontece durante o tratamento
O terapeuta começa por, explica Diogo Neves, «ouvir as queixas do paciente e apurar dados relevantes para o tratamento (profissão, hobbies, desportos praticados) para, depois passar ao bodyreading» (leitura do corpo). Avaliar o padrão postural permite relacionar as assimetrias com as queixas e as estruturas ou seja, a muscular e fascial.
«A partir daí, o terapeuta utiliza técnicas manuais para eliminar espasmos e tensões musculares que provoquem desequilíbrios, deixando depois o corpo assimilar a nova informação e readaptar-se», descreve o osteopata. Na sua essência, esta terapia envolve a aplicação de pressões suaves e estratégicas, que atuam no tecido conectivo, sem recurso a cremes ou aparelhos.

Áreas de atuação

Dor crônica, dores de cabeça, problemas de coluna, como escoliose, hiperlordose, hipercifoses, estão entre os casos que mais podem beneficiar deste tipo de abordagem terapêutica. Os problemas posturais acabam por influenciar toda a dinâmica da fáscia, podendo vir a implicar compressão de nervos e da parte vascular.
 
Como exemplifica Diogo Neves, «uma pessoa que passe muito tempo ao computador e se queixe de dores de cabeça, beneficia muito deste tipo de terapia, uma vez que um músculo pode ser, e muitas vezes é mesmo, a causa do problema. Alguém com estas características tem um padrão postural típico, apresentando a cabeça numa posição mais anterior do que o que seria desejável».
Quantas sessões são necessárias?

O número de sessões é  variável e depende do problema, mas é possível observar resultados logo a partir do primeiro tratamento. Como conta Diogo Neves, «o objetivo do paciente pode ser unicamente eliminar os espasmos musculares e consequente dor de cabeça, como pode estar em causa uma situação em que o que se pretende é melhorar a postura, o que leva à necessidade de  realizar mais sessões e de começar a atuar desde os arcos plantares  localizados nos pés». Acrescente-se que 30 € é o valor da primeira  sessão, sendo que as seguintes custam 25 €.
Casos em que a terapia miofascial está contraindicada:

- Pessoas com cortes, feridas, fraturas ou erupções cutâneas.

- Doentes com neoplasias, aterosclerose, lúpus (fase aguda), artrite reumatoide (fase inflamatória) ou diabetes.

- Indivíduos com osteoporose ou sujeitos a tratamentos com cortisona.

- Grávidas.

O testemunho de quem experimentou
Aos  41 anos e consciente da forma como o excesso de peso afetava a sua  saúde, João Rebelo decidiu começar a correr. O bem-estar que esta  atividade lhe proporcionou levou-o, posteriormente, a participar em  corridas mais longas, de 10, 12, 14 quilômetros. Numa dessas maratonas  lesionou-se no pé direito, tendo-lhe sido diagnosticada pelo ortopedista uma fascite plantar.

Foi então aconselhado a recorrer à terapia miofascial. Graças a um tratamento intensivo de dois meses conseguiu
 controlar a sua lesão dolorosa. Hoje, para continuar a correr, faz pontualmente sessões para prevenir possíveis lesões e recuperar após as  corridas. «A terapia miofascial permite-me levar uma vida normal, sem  dores e fazer as minhas corridas com segurança», diz João Rebelo.

Onde fazer
Para mais informações visite o site
 www.diogopneves.wordpress.com ou ligue para o 964 562 533.

Texto:
 Madalena Alçada Baptista com Diogo Neves (osteopata)

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